A newsletter do Gizmodo Brasil está diferente
E estamos discutindo o banimento de Trump, a CES 2021, a Samsung e muito mais.
Olá queridos leitores do Gizmodo Brasil! Se você está estranhando a chegada dessa newsletter em uma quarta-feira, fique tranquilo. Como adiantamos na última edição, estamos com a casa em obras e iremos fazer alguns testes nas próximas edições.
De cara, você vai perceber algumas diferenças na edição de hoje. Ela tem mais texto e mais links — inclusive de outros veículos. Isso porque queremos te entregar uma curadoria completa, não só com o que produzimos, mas também com o que encontramos de mais legal por aí em tecnologia e ciência. Alguns dos links estarão em inglês. Mas sempre avisaremos quando for o caso.
Outra diferença é que tentaremos esticar a conversa aqui um pouquinho. Então traremos um pouco mais de análise e contextualização para quem não conseguiu tirar aquele tempo para pensar sobre o que está acontecendo no meio de tantas notícias.
Por fim, mais uma novidade. Mudamos de plataforma. Fomos para o Substack. Isso significa que no endereço gizmodobr.substack.com você pode encontrar todas as edições que publicarmos a partir de agora.
Como dissemos, a casa ainda está em obras e faremos muitos testes. Esperamos que gostem das mudanças!
Make Trump Silent Again
Nesta quarta-feira, enquanto fechamos esse texto, Donald Trump deixa a presidência dos EUA e dá lugar a seu sucessor, Joe Biden. A transição, vocês sabem, não foi tranquila. O magnata disse, sem provas, que as eleições foram fraudadas e que seus apoiadores deveriam defendê-lo.
Inflamados por tal discurso, seguidores de Trump invadiram o Capitólio. O evento acabou com quatro mortes, 52 prisões, discussões sobre impeachment e as redes sociais pressionadas a tomar medidas mais drásticas com o espaço que dão a tal tipo de discurso.
Facebook, Instagram, Snapchat e YouTube restringiram Trump. Mas o maior destaque veio do Twitter, que sempre foi usado como a principal ferramenta do político e também foi a que tomou a medida mais drástica: o baniu permanentemente. Dados preliminares indicam que a quantidade de desinformação no Twitter caiu mais de 73% após tais ações.
Com tudo isso, o Parler, rede social alternativa ao Twitter que diz ser a favor da "liberdade de expressão", mas que na prática apenas fecha os olhos para discursos extremistas e violentos, rapidamente ganhou projeção. Não demorou muito, no entanto, para que ela fosse banida das lojas da Apple e do Google, além de a Amazon retirá-la de seus servidores. Explicamos a novela completa aqui.
As big techs, como são conhecidas as grandes empresas de tecnologia, já removeram conteúdo problemático de suas plataformas antes. Mas é a primeira vez que elas o fazem com tamanha escala, chegando ao presidente dos EUA. Uma linha foi ultrapassada e, com isso, diversos debates complexos vieram à tona.
Apoiadores de Donald Trump acreditam que ele foi censurado. No entanto, especialistas em direito e tecnologia consultados pelo Gizmodo Brasil, dizem que não. O direito à liberdade de expressão não pode se sobrepor a outros direitos democráticos. A partir do momento em que eles entram em conflito, algo precisa ser feito quanto a esses discursos. Além disso, as plataformas, que são privadas, agiram de acordo com suas políticas internas. Leia mais aqui.
Mas isso leva a um novo debate, muito mais amplo que Donald Trump. Considerando a escala, penetração e importância que redes como Facebook e Twitter têm, elas podem tomar esse tipo de decisão de forma autônoma? Elas não estariam se tornando uma espécie de "segundo estado", controlando o fluxo de informações? A Justiça dos países têm que regular esse tipo de liberdade das redes sociais? O precedente aberto nesse caso será usado em que outras situações?
O jornal britânico The Guardian fez uma boa cobertura do tema trazendo diferentes opiniões e perspectivas. Destacamos algumas (em inglês):
O escritor e jornalista John Naughton escreve que o episódio serve para revelar como faltam leis e regulações para as empresas globais de tecnologia. Veja aqui.
Em uma reportagem assinada por Julie Wong, especialistas dizem que é necessário trabalhar com professores, bibliotecários e advogados para criar novas formas de distribuir informação pelas redes sociais. Veja aqui.
Por fim, a jornalista Poppy Noor conversou com cinco especialistas em "liberdade de expressão" para saber se eles eram a favor ou contra o que aconteceu com Trump. As opiniões são todas bem embasadas e um tanto variadas. Leia aqui.
CES 2021: As tecnologias do futuro… continuam no futuro
Pela primeira vez, a Consumer Electronics Show — provavelmente a maior feira de eletrônicos do planeta — foi realizada de modo totalmente virtual. Com a pandemia em alta no mundo todo, não poderia ser diferente.
Isso marcou uma grande oportunidade para conhecer a feira (viajar para Las Vegas não é barato, afinal de contas) e evitar uma série de inconvenientes (acompanhar a CES in loco é um trabalho desgastante e cansativo, seja pelo tamanho gigantesco do evento, seja pelo tempo seco do estado de Nevada).
Por outro lado, não dá para dizer que foi a mesma coisa. Conhecer os produtos pessoalmente é um trabalho praticamente insubstituível, e não tem vídeo de demonstração que dê conta de dar a possibilidade de avaliar uma tela de TV, por exemplo, que dirá ver os conceitos malucos de telas retráteis ou e-inks coloridas da TCL.
Mas a pandemia impactou além da organização: ela esteve presente no desenvolvimento de muitos produtos das mais diversas empresas. O melhor exemplo disso é a máscara gamer da Razer, que conta até com um alto-falante para ajudar a se comunicar — além de luzes RGB, óbvio.
Além disso, ficar em casa esteve no foco de quase todas as apresentações: LG, Samsung e Panasonic falaram muito de TV e som, além de itens de smart home. Outro foco foram os carros: quase todas as grandes empresas têm alguma tecnologia para aperfeiçoar os veículos, dos painéis gigantes da Mercedes-Benz até o automóvel elétrico da Sony (sim, a Sony!).
A Samsung segue peitando a Apple
Um dos anúncios mais relevantes da tecnologia, porém, não foi feito na CES. A Samsung anunciou seu Galaxy S21 em um evento separado, realizado na quinta-feira (14). O aparelho tem uma grande mudança de visual: sai a tela de bordas curvas que vinha desde o S8, entra uma tela plana. Na traseira, a Samsung também quis se diferenciar e abandonou o visual "cooktop" para o módulo de câmeras — agora, elas ficam no cantinho com uma cor destacada.
O lançamento também confirma que a Apple inaugurou uma tendência ao tirar o carregador e o fone de ouvido da caixa do iPhone: a Samsung adotou a mesma política e enviará apenas o smartphone e um cabo USB-C no pacote. Felizmente, USB-C é um padrão bem mais difundido que o Lightning, então é mais fácil encontrar acessórios compatíveis.
A influência da Apple, aliás, pode ter ido um pouco além do carregador. O Galaxy S21 também deixa de lado o slot para cartões microSD, coisa que o iPhone nunca teve. A tela também deixa de lado a resolução QuadHD+ para ficar no FullHD+, com um número de pixels mais próximo da tela Retina do concorrente.
Por outro lado, o Galaxy S21 continua despejando recursos técnicos que o iPhone não tem. O principal deles é a tela VRR, que pode mudar sua taxa de atualização de 48 Hz a 120 Hz, dependendo do conteúdo exibido. Isso promete não esgotar a bateria tão cedo, um dos grandes problemas desse tipo de tela. Enquanto isso, o iPhone 12 continua com uma tela de 60 Hz — não é ruim, mas não é o mais moderno, principalmente no que diz respeito à suavidade de transições e ao tempo de resposta em games.
Além disso, a versão Ultra do Galaxy S21 ganhou suporte à caneta stylus S-Pen, famoso diferencial da linha Galaxy Note. O aparelho, no entanto, não vem com o acessório — ele precisa ser comprado separadamente e custa US$ 40.
Por falar em preços, o Galaxy S21 básico custa a partir de US$ 800, enquanto o modelo S21+ de tela maior sai por US$ 1.000 e a versão Ultra, por US$ 1.200. Preços no Brasil devem ser anunciados no dia 9 de fevereiro.
A sul-coreana também anunciou o Galaxy Buds Pro, seus fones de ouvido para bater de frente com os AirPods Pro. Nós testamos e garantimos: a briga é boa.
E as vacinas?
Parecia que esse dia nunca ia chegar, mas finalmente as vacinas contra a COVID-19 estão sendo aplicadas em solo brasileiro. Ou melhor, "a vacina”. Afinal, por enquanto, temos só uma disponível no Brasil: a CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
No domingo, após uma longa deliberação técnica, a Anvisa aprovou o uso emergencial da Coronavac e da vacina de Oxford. Logo na sequência a vacina passou a ser aplicada em indígenas e trabalhadores da saúde.
No entanto, ainda é cedo para comemorar. O Brasil segue aguardando insumos para produzir a CoronaVac pelo Instituto Butantan e a de Oxford pela Fiocruz. As negociações pelo material estão um tanto instáveis e entrelaçadas em problemas diplomáticos — para ser eufemista.
Essa história, naturalmente, terá muitos capítulos pela frente. De qualquer forma, um dos principais desafios no momento é fazer a população entender por que se vacinar não é uma escolha individual, mas sim um pacto coletivo de saúde. Esta reportagem da Globo resume bem a questão.
O melhor do Gizmodo
Essa foi uma semana agitada para nós. CES 2021, banimentos de Trump e lançamento da Samsung ganharam os holofotes, mas falamos de várias outras coisas legais. Dá uma olhada:
Os dispositivos vestíveis também fizeram sucesso na CES — indo desde novos relógios inteligentes a um adesivo elétrico que promete resolver os problemas de ejaculação precoce. Fizemos uma seleção do que mais chamou nossa atenção.
No final de dezembro, estreou na Netflix “O Céu da Meia-Noite”, ficção científica estrelada e dirigida por George Clooney. Se o filme não agradou cinéfilos, ele fez menos sucesso ainda entre astrônomos. Conversamos com um astrofísico para entender os maiores furos científicos da produção.
Usar duas máscaras pode, sim, diminuir as chances de você contrair COVID-19. Por outro lado, você pode imaginar, fica muito mais difícil respirar. Veja o que a ciência diz sobre equilibrar proteção e conforto.
Na desesperada busca por tratar a depressão, um homem injetou cogumelos alucinógenos em suas veias. E isso acabou muito mal: os fungos continuaram a crescer dentro do seu sangue e ele quase morreu. Entenda o caso.
E o Facebook fez uma grande confusão com o WhatsApp. Quiseram atualizar a política de privacidade para compartilhar mais dados com o Facebook. As pessoas ficaram nervosas e debandaram para concorrentes, como o Telegram. Resumimos a treta aqui.
O que mais indicamos?
Em inglês:
Como algoritmos alimentam as ideias de um novo "socialismo digital" mais eficiente do que o pensado por Marx. Na Logic Magazine.
Conheça Jun Heo, um desertor da Coreia do Norte e que encontrou no YouTube uma forma de falar sobre seu país para o mundo. No Rest of World.
Como a ideia budista de "evitar a dor" pode nos ajudar a pensar a ética da inteligência artificial. No MIT Technology Review.
Em português:
Todo planeta tem campo magnético como o da Terra? Não exatamente. O Canaltech detalha como é magnetosfera de cada planeta do Sistema Solar.
Como o movimento pelo Open Banking pode mudar a relação que temos com nossos dados bancários? O Manual do Usuário explica.
O que aconteceria se um grande asteroide acertasse a Lua? O UOL conta.