Qual o futuro do desmatamento no Brasil?
Caros leitores, estamos de volta. Como vocês sabem, a newsletter do Gizmodo Brasil está em uma fase experimental e estamos sempre testando formatos, datas e conteúdos diferentes para encontrar a fórmula ideal para cada um de vocês. Por isso, passamos por um pequeno hiato de duas semanas em busca de ampliar ainda mais nosso escopo e ter uma conversa melhor com cada um de vocês. Esperamos que gostem!
O futuro do desmatamento no Brasil
Na última semana, aconteceu a Cúpula de Líderes sobre o Clima, um encontro organizado por Joe Biden, presidente dos EUA, com 40 líderes mundiais para discutir esforços para conter as mudanças climáticas.
O encontro foi parte de uma série de promessas que Biden fez durante a campanha de reconduzir os EUA a políticas que podem frear o aquecimento global induzido pelo homem.
Apesar do anfitrião, todos os olhos estavam voltados a outro personagem: Jair Bolsonaro, o presidente de um Brasil que vem batendo recordes de desmatamento na Amazônia.
Isso porque, todos sabem, a preservação da Amazônia é essencial para frear mudanças climáticas. No entanto, o desmatamento cresce a ritmos alucinantes na Amazônia Legal: só em março de 2021 foram perdidos 810 km² de floresta (216% a mais do que no mesmo mês do ano anterior), a maior taxa de desmatamento em uma década para um mês de março.
Pressionado, Bolsonaro fez discurso moderado e prometeu duplicar os recursos destinados a ações de fiscalização do desmatamento e prometeu zerar o desmatamento ilegal até 2030. Muitos ouviram a fala com ceticismo, mas por quê? Para responder, é preciso entender:
“Qual o tamanho do problema?”
Quer visualizar o tamanho do desmatamento na Amazônia? Dê uma passada na ferramenta Terra Brasilis, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Além de ver o mapa do link anterior, também dê uma olhada no dashboard deles para entender como o desmatamento está voltando a crescer.
Mas, é importante saber contextualizar e interpretar esses dados. Por isso, sugerimos ler a entrevista do climatologista Carlos Nobre, uma das principais referências em mudanças climáticas, que falou ao El País sobre a urgência de reverter a curva e passar a reduzir as taxas de desmatamento ainda neste ano. Se isso não acontecer, possivelmente chegaremos a um ponto de inflexão tanto ambiental quanto em relação às sanções econômicas que sofreremos.
Mas, o que significa um ponto de inflexão no desmatamento amazônico?
Illona Szabó de Carvalho, mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia) diz na Folha de São Paulo que já perdemos 20% da Amazônia. Uma elevação de apenas 5% no desmatamento poderia deflagar uma catastrófica retração florestal, que condenaria o Acordo de Paris. Simples assim. Ela descreve:
A retração florestal na Bacia Amazônica poderia liberar o equivalente a uma década de gases causadores do efeito estufa na atmosfera do planeta. A floresta também perderia sua capacidade de absorver bilhões de toneladas de dióxido de carbono, o que prejudicaria os ciclos hidrológicos, a evapotranspiração e as correntes oceânicas.
O setor agroindustrial entraria em colapso, e a perda de diversidade seria avassaladora. Instalações hidrelétricas teriam de ser fechadas, a queda do nível do lençol freático tornaria as cidades inabitáveis, e a pesca se tornaria inviável. Impedir esse desfecho requereria chegar a desmatamento zero na Amazônia até 2030.
A única forma de frear isso é cumprindo a promessa quer Bolsonaro fez na Cúpula: zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. Como? Algumas dicas foram dadas por 200 importantes cientistas no Science Panel for the Amazon e incluem:
Repressão ao desmatamento ilegal e às redes que o sustentam;
Fortalecimento do Ibama;
Repressão ao garimpo ilegal e ao tráfico de espécies;
Investimentos em sensoriamento remoto de alta resolução e sistemas de alerta baseados em inteligência artificial;
Rastreamento de commodities extraídas ilegalmente.
É isso. A promessa está feita e a necessidade é urgente. Ou zeramos um desmatamento que está crescendo numa velocidade alarmante ou sofreremos muitas e muitas consequências. O tempo está passando. Enquanto isso, recomendamos ler aqui no Gizmodo Brasil “Como a indústria pecuária está financiando o negacionismo climático”,
Ao infinito e a além: os novos voos do Ingenuity em Marte
É sempre esquisito escrever sobre nossos avanços em Marte logo depois de descrever os riscos iminentes de destruição da vida humana na Terra. Mas é o momento em que vivemos.
Portanto, se você se anima com a possibilidade de um dia poder colonizar Marte, temos boas notícias: o helicóptero da Nasa, o Ingenuity, continua produzindo grandes feitos no Planeta Vermelho.
Na última semana ele completou dois voos — sendo que o terceiro bateu recordes. O bichinho voou maios de 50 metros e voltou em apenas 80 segundos. Parece pouco, mas se você lembrar que ele está sendo controlado de outro planeta, as coisas mudam de figura.
Mas, mais do que voar, o Ingenuity está tirando fotos coloridas incríveis de Marte. É de cair o queixo mesmo.
Os lançamentos da Apple
A Apple fez mais um evento e aconteceu aquilo que tem acontecido todo ano: ela apresentou produtos que não são revolucionários, mas são incríveis. O problema é que eles têm preços proibitivos no Brasil. Na verdade eu fui um pouco eufemista: os preços são ofensivos no Brasil. A versão mais cara do novo iPad Pro, por exemplo, custa R$ 29.999 (mas pelo menos tem frete grátis). Eis os lançamentos:
iPad Pro com processador de MacBook, 5G, tela mini-LED e custando dois rins e meio.
iMac colorido, que parece um iPad colocado numa base e tem chip M1. Esse custa só dois rins.
AiTags: chaveirinhos que te ajudam a descobrir se você perdeu alguma coisa. Mas possivelmente custam mais caro do que o que você tem medo de perder. Ah, também tem a Apple TV com 4K.
Como abrir uma conta digital nos EUA #patrocinado
A Nomad é a primeira empresa a oferecer a possibilidade dos brasileiros terem uma conta digital nos Estados Unidos sem a cobrança de taxa de abertura e mensalidade. De forma geral, a fintech promete facilitar a vida de quem realiza transações nos EUA ou procura investir fora do país. Saiba como abrir a sua conta!
O que mais você precisa ler no Gizmodo Brasil
Tem um novo malware disfarçado de aplicativo infectando Androids pelo mundo todo.
Uma falha de segurança no AirDrop expôs mais de 1,5 bilhão de dispositivos Apple.
O Spotify ficou um pouquinho mais caro (mas pelo menos agora você pode utilizá-lo pelo Facebook).
A Nasa conseguiu produzir oxigênio em Marte. Mas isso não significa que já podemos fazer missões tripuladas para lá.
O Facebook segue insistindo na sua criptomoeda. Novos planos devem ser anunciados ainda em 2021.
Leituras em inglês
Como alguém viraliza no TikTok? Não é aleatório e tem bastante curadoria. Pelo menos é o que mostra essa reportagem da Bloomberg.
Na China, as bikes compartilhadas não se mostraram nada sustentáveis. Muitas delas estão sendo roubadas, danificadas e simplesmente descartadas em aterros. O tamanho do problema? Você pode ver nessas fotos da AFP.
Caso a Terra se torne inabitável mesmo, para quais planetas poderíamos fugir? O Inverse fez o exercício de especular como seria a vida em cinco planetas próximos.